segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Visão externa

Sempre vi grande valor em ter uma visão externa dos meus trabalhos. Costumo pedir a uma pessoa em quem posso confiar para ler e comentar a maioria dos meus textos, por acreditar que um olhar não-viciado (ou seja, o olhar de alguém que ainda não leu o mesmo texto centenas de vezes) pode trazer uma nova perspectiva às coisas.

E essa minha crença foi novamente reforçada semana passada. Fizemos uma reunião de validação de um trabalho bastante complexo, que já estamos desenvolvendo há mais de um ano, com um grupo de especialistas na área. Em pouco mais de 4 horas de conversa, aspectos que não havíamos ainda trabalhado foram trazidos à tona, nos ajudando a ver quais mudanças serão necessárias antes do fim do projeto para que alcancemos as metas propostas.

Assim, fica a dica: antes de dar qualquer trabalho por terminado (e ainda dentro de um cronograma que permita mudanças), todo projeto deve ter suas ações revistas por especialistas externos, que poderão contribuir com um olhar fresco ao trabalho desenvolvido.

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Trabalhar onde todos tiram férias, ou trabalhar e tirar férias como todos?

Estou vivendo uma fase de questionamento a respeito do propósito da vida. Sim, esse tipo de questionamento que não tem fim, tampouco resposta.

Amo meu trabalho, sou uma daquelas poucas pessoas de sorte que realmente consegue fazer o que gosta. Ainda assim, tem dias que me irrito por ter que trabalhar no fim de semana, por não conseguir dormir pensando no trabalho do dia seguinte, ou por ser acordada na segunda-feira pela manhã com um telefonema-problema. Nesses momentos de irritação, me questiono: porque estou aqui em São Paulo, nessa vida louca mesmo?

Por que não largo tudo e vou morar na Bahia? Posso abrir uma pousada de charme e viver na praia! O velho sonho de morar onde todos tiram férias.

Só que, no mesmo segundo que tenho esse pensamento, outro me ocorre: mas será que vou ser feliz sem os show do Paul McCartney, sem os cinemas, os restaurantes maravilhosos, os cafés e as bagunças? Será que ter opção de fazer o que eu quero (mesmo que não o faça, por falta de tempo) é melhor do que fazer uma única coisa que quero para o resto da vida (e abrir mão de todas as outras)?

Ainda não sei o que é melhor... Quem sabe me decido nos próximos 30 anos... Enquanto isso, continuo trabalhando para tirar férias, como a maioria das pessoas.

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Um projeto tem mesmo fim?

O princípio básico de um projeto é que ele necessariamente tem início, meio e fim. Quando começamos os estudos a respeito de gestão de projetos aprendemos que, em cada uma dessas etapas, há uma série de ações a serem cumpridas, sempre com o objetivo de se alcançar o resultado esperado ao final do projeto.

Mas quando se trata de projetos que visam o desenvolvimento social, implantados por órgãos públicos, será que esse princípio também se aplica? Claro que mesmo na esfera pública as coisas devem ter um fim, mas acho que a etapa final do projeto deveria ser se transformar em um programa de Estado. Assim, a vida do projeto teria 3 etapas: início, meio, e virar programa.

Acredito nisso porque tenho visto muitas iniciativas maravilhosas implantadas em municípios, alguns com nossa ajuda da UNESCO, outras por iniciativa dos gestores públicos mesmo. E acho que se pensamos que tais ações devem ter um fim, encurtamos a vida útil de algo que pode continuar beneficiando a população por muito mais tempo.

No atual momento político, quando chegamos ao fim de uma gestão e nos preparamos para o início de um novo governo, não seria importante que os projetos que deram certo se tornem programas de Estado e, portanto, não morram com o fim da gestão atual? A descontinuidade política traz muitos prejuízos à população, que poderiam ser reduzidos caso, ao iniciar um projeto, já se tivesse em mente o objetivo de torná-lo um programa.